A Prefeitura do Rio divulgou nesta quarta-feira (23/10) o estudo “Economia do Audiovisual Carioca”, mostrando que a movimentação econômica no setor cresceu 56,2% nos últimos três anos, se tornou a décima maior na cidade e provocou um impacto de R$ 4,2 bilhões em 2023. Esse mercado emprega mais de 20 mil trabalhadores e se consolidou como um dos principais motores da economia local.
De posse do estudo, realizado pelas secretarias de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE) e de Cultura (SMC), além da RioFilme, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, garantiu que vai continuar ampliando os investimentos no audiovisual. Ele destacou a importância dessa indústria para a cidade.
– Tem uma coisa que é o legado intangível, que é a construção da imagem. Essa indústria do audiovisual é muito mais do que se arrecadou de ISS (Imposto sobre Serviços), de empregos que foram gerados. O nosso grande ativo, que nos diferencia dos outros lugares, é esse conjunto chamado Rio de Janeiro, que tem o Antônio Cícero, a Tia Surica na Portela, tinha o Nelson Sargento, toda essa produção cultural tão viva. As pessoas querem ficar com o Rio, namorar o Rio, casar com o Rio. E esse desejo é construído pelas nossas belezas naturais, mas a partir daquilo que essa produção cultural, especialmente no audiovisual, desenvolveu sobre a marca da nossa cidade – afirmou.
O levantamento detalha a repercussão econômica do setor na cidade e sua importância ao gerar empregos qualificados, com baixo impacto ambiental e com forte efeito multiplicador. Há dados sobre faturamento, abertura de postos de trabalho, sobre a representatividade da produção audiovisual carioca no Brasil e no mundo e arrecadação de impostos. Em 2023, por exemplo, foram arrecadados no Rio R$ 72,1 milhões em ISS, provindos do setor.
– Há geração de empregos, geração de renda, é um círculo virtuoso que criamos, com a preocupação que temos de atuar em todos os setores do audiovisual. Estamos estimulando a produção, a pós-produção, a distribuição e também a infraestrutura – explicou o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.
Subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação do Rio, Marcel Balassiano lembrou que a Prefeitura trabalha para transformar o Rio na capital da inovação da América Latina.
– Este setor movimentou, no ano passado, mais de 4 bilhões de reais de arrecadação de impostos. São 20 mil empregos formais. Além de ser muito a imagem da cidade, o soft power do Rio, tem o lado do desenvolvimento econômico muito grande e importante do setor.
Para Alex Braga, presidente da Ancine, o Rio está dando exemplo para todo o Brasil, com sua política de investir no setor do audiovisual.
– Acredito firmemente que outros municípios e estados vão seguir o exemplo do Rio, de investir em produção, infraestrutura, capacitação e qualificação. Acho que o Rio vai se consolidar como a capital do audiovisual, gerando esses efeitos positivos de emprego, renda, bem-estar para sociedade.
Entre 2021 e 2023, a Prefeitura investiu, por meio do programa Pró-Carioca Audiovisual da RioFilme, R$ 139,4 milhões no setor audiovisual. Somente no ano passado, foram aplicados R$ 60,8 milhões, incluindo recursos oriundos da Lei Paulo Gustavo. O Rio também se destacou como a cidade com o maior número de diárias de filmagem da América Latina, com 7,9 mil autorizações emitidas pela Rio Film Commission em 2023, superando grandes centros internacionais como Paris e Cidade do México.
Eduardo Marques, presidente da RioFilme, ressaltou que esse anúncio vem coroar o setor do audiovisual carioca, trazendo para o Rio os investimentos necessários.
– Os editais de fomento que remodelam toda a cadeia produtiva do audiovisual e as produções que acontecem na cidade atraem as equipes, que se hospedam, consomem nos restaurantes, pegam os transportes e geram receitas – frisou Marques.
Editais da RioFilme: inclusão e foco na diversidade
Desde 2021, os editais da RioFilme têm dispositivos inclusivos, por meio de pontuações adicionais a propostas lideradas por mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência e pessoas trans. Proponentes cuja sede estão localizadas em áreas de IDH mais baixo – como nas zonas Norte, Oeste, com exceção de Barra e Recreio, e moradores de favelas das áreas central e Zona Sul, também recebem pontuações adicionais, ampliando a possibilidade de seleção.
Para se ter uma ideia, entre 2021 e 2023, a RioFilme recebeu 2.905 propostas, 18% de pessoas sediadas em áreas de menor IDH. Desse grupo, 29% foram escolhidos – uma diferença de 61% entre inscritos e selecionados –, atestando a qualidade dos projetos de proponentes em áreas de IDH baixo. O aumento da proporção entre inscritos (26%) e selecionados (45%) é ainda mais expressivo entre propostas lideradas por pessoas negras, indígenas, trans ou com deficiência – diferença de 73%.
Tendências do mercado
Segundo dados da Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia (E&M) 2023–2027, realizada pela PWC em 2023, que analisa 13 segmentos de E&M em 53 países, as receitas desses setores alcançarão US$ 2,8 trilhões em 2027. O estudo aponta que a projeção para o Brasil é de US$ 41,3 bilhões em 2027. O relatório estima ainda que o mercado cinematográfico brasileiro, nono maior mercado de cinema no mundo, pode atingir US$ 707 milhões em 2026, uma expectativa maior do que os US$ 638 milhões de bilheteria alcançados em 2019, antes da pandemia de Covid-19.
Outro estudo internacional, com um recorte mais específico do setor audiovisual, “O impacto econômico do setor audiovisual na América Latina” realizado, em 2023, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio da Netflix, aponta Argentina, Brasil e México como as maiores indústrias audiovisuais na América Latina, somando uma receita de US$ 20 bilhões em 2021, sendo US$ 3 bilhões vindos da produção cinematográfica. O estudo estima também os efeitos dos multiplicadores da atividade econômica do setor audiovisual, concluindo que para cada US$ 10 gastos no setor na América Latina, entre US$ 6 e US$ 9 sejam gerados na cadeia de suprimentos, e que para cada dez empregos no setor, entre 5 e 7 sejam gerados em outros setores.
O estudo completo sobre a Economia do Audiovisual Carioca está disponível no Observatório Econômico do Rio e no Observatório do Audiovisual Carioca.